A MISSÃO DEVE EMPENHAR TUDO, TODOS/AS E SEMPRE.

A Igreja católica tomou consciência de que a missão faz parte do seu código genético e proclama que esta não é apenas uma das suas múltiplas tarefas, nem responsabilidade de apenas algumas pessoas. Em 2007, na Conferência de Aparecida, os bispos da América Latina e do Caribe colocaram a questão da missão no centro das preocupações da Igreja na América Latina e convocaram todos os seus membros a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo. E, na sua mensagem para o Dia Mundial das Missões, o Papa Bento XVI diz que a missão da Igreja empenha tudo, todos e sempre. Nesta semana recordamos Santa Teresinha do Menino Jesus (+01.10.1897), André Soveral e seus companheiros mártires de Natal (03.10.1645), São Francisco de Assis (+04.10.1226) e São Benedito (+04.04.1589), mas a trágica memória dos 111 presidiários do Carandiru assassinados no dia 02.10.1992 grita que o Evangelho ainda não fecundou nossa cultura e, mais do que nunca, precisamos de gente que cuide da vinha do Senhor.
“Certo proprietário plantou uma vinha.”
Jesus toma do profeta Isaías a bela metáfora que compara o povo de Deus a uma plantação de uvas. “Cantarei em nome do meu amigo um canto de amor para a minha vinha.” Trata-se de uma vinha plantada com todo o capricho e cuidada com o maior carinho: terra bem preparada, mudas escolhidas, cerca de proteção, espaço para esmagar a uva e produzir o vinho... Deus tem com esta bela plantação uma relação de amor cantada em prosa e verso.
É daqui que parte a missão: de um Deus que ama de nforma apaixonada e incondicional, e se desdobra em cuidados para com seu povo. Por isso, quando falamos em missão não se trata de um desejo de impor doutrinas, ensinar conceitos ou corrigir comportamentos. Trata-se mais da necessidade de ajudar a manter vivo e palpável o cuidado de Deus pelas suas amadas criaturas, a fim de que elas transbordem de vida e de beleza.
Em princípio, na missão de cuidar da vinha do Senhor estão engajadas todas as pessoas que acreditam em Deus. Como nos lembra o Papa Bento XVI, o Evangelho não é um bem que nos pertence, mas um dom que recebemos e devemos passar adiante. E na Igreja, tudo e todos deve estar sempre em função disso. Mas Deus como que arrenda sua plantação a pessoas que ele chama especialmente, e espera frutos de direito e de justiça, ou seja: espera que sua vinha produza vida em abundância.
“Que mais poderia eu ter feito por meu vinhedo, que deixei de fazer?”
Na voz do profeta Isaías o canto apaixonado de Deus pela sua vinha se transforma num dolorido lamento. Diante dos frutos amargos que tanto cuidado produziu, ele pergunta: “Que mais poderia eu ter feito por meu vinhedo, que deixei de fazer? Eu esperava deles o direito, e produziram injustiça. Esperava justiça, e aí estão gritos de desespero.” O que teria acontecido? E por que teria contecido? É a mesma pergunta que se faz o semeador em cujos campos o joio cresceu em meio ao trigo...
Precisamos considerar que Deus cuida do seu jardim não de forma imediata, mas mediante as pessoas que nele acreditam. Sentimos a boa mão de Deus nos sustentando e orientando nas muitas e anônimas mãos que se nos estendem. E das pessoas que celebram publicamente sua resposta exclusiva ao convite para trabalhar na vinha de Deus temos o direito de esperar mais. Através do nosso cuidado solidário, muitos irmãos e irmãs experimentam o canto de amor de Deus pela sua querida vinha.
De forma semelhante, as injustiças produzidas, os gritos de desespero que se ouvem um pouco por todos os lados são provocados pela mediação da ação de pessoas e instituições humanas.Todos/as somos um pouco responsáveis - por pensamentos, palavras, atos e omissões -pela maior parte dos sofrimentos e das uvas amargas que a vinha produz. E há aqueles/as que se apropriam da vinha como se fossem sua e se recusam a prestar contas a quem quer que seja...
 “Mandou os seus servos aos lavradores para receber os frutos...”
Na perspectiva do evangelho de hoje, a missão não consiste propriamente em semear a mensagem do Reino de Deus, mas em ir aos arrendatários para recolher os frutos esperados. Como missionários/as somos enviados/as àqueles/as que foram investidos de autoridade ou ocupam posições de liderança política e religiosa para verificar se realmente se dedicam ao povo. A missão é junto àqueles que se apropriaram da vinha do Senhor. Uma missão que tem uma clara dimensão crítica e profética.
Esta missão é tão urgente quanto difícil e conflituosa. A parábola de Jesus menciona as agressões e espancamentos sofridos pelas pessoas enviadas. Quando os/as missionários/as não se contentam em propor doutrinas e celebrar ritos, correm o risco de serem pessoas indesejáveis e sofrerem violências nas mãos dos ‘malvadamente maus’ ou ‘canalhas’, como diz Mateus. A história remota e recente também registra as calúnias e torturas, as prisões e o martírio sofridos pelos profetas e testemunhas.
E vejamos bem: a missão não consiste em colher frutos para a instituição eclesial ou multiplicar suas agências, mas em cobrar o direito de Deus no mundo: a implantação da justiça para os pobres, o reconhecimento da dignidade dos desprezados, a primazia dos últimos, o cuidado e a bondade gratuita a todas as criaturas. Se estes frutos não forem encontrados, o Reino de Deus deve ser subtraído às elites e autoridades constituídas e entregue a outros que produzam esses frutos.
 “A pedra que os construtores rejeitaram, esta é que se tornou a pedra angular...”
Jesus é o missionário enviado pelo Pai, modelo e itinerário de todos/as os/s missionários/as. Ele não se negou a pagar o preço que a missão lhe exigiu: foi caluniado, desprezado, descartado e crucificado. Foi tratado como uma pedra que os pedreiros descartam porque consideram sem valor, inadequada e problemática na construção do mundo. Mas isso para ele não se configura numa tragédia. Pelo contrário, isso nos revela sua opção pessoal e o princípio norteador da sua vida.
Este princípio cardeal é dirigir-se aos rejeitados e excluídos para estabelecer, em nome do Pai que o envia, sua primazia e sua dignidade que jamais prescreve. Os grupos humanos e sociais que são aparentemente problemáticos e disfuncionais são a pedra-de-toque da construção de Deus. Mesmo que sejam pessoas que cometeram crimes, como aqueles 111 encarcerados executados impiedosamente em 1992 por soldados comandados por um assassino.
E esta é a perspectiva do trabalho missionário: subverter os esquemas, inverter as prioridades, afirmar os excluídos como indispensáveis no projeto de um mundo que se queira humano. É nisso que a Igreja precisa empenhar de forma contínua todos os seus membros, todos os seus esforços. A missão traça seu caminho de baixo para cima, da periferia para o centro, dos últimos para os primeiros. A parábola da pedra rejeitada e reccolocada por Deus no centro é a parábola da missão.
“Apresentem a Deus todas as necessidades de vocês.”
Escrevi estas notas no silêncio escuro de uma madrugada, num quarto de hospital, ao lado de três pessoas que lutavam contra o câncer. Naquela situação, tomei consciência de situaçosituaçãescubri que a missão pode ter também uma dimensão de presença silenciosa e solidária, de compaixão ativa e consoladora, de luta quase desesperada contra forças de morte, de confiança quase irracional na capacidade de reconstrução dos tênues fios da existência. Só Deus sabe o que foi feito destas pessoas...
Mas naquele clima ressoou forte e significativamente em mim a palavra de Paulo aos Filipenses: “Não se inquietem com nada... Pratiquem tudo o que vocês aprenderam e receberam de herança. Apresentem a Deus todas as necessidades de vocês.” E penso que este não é um convite à passividade, mas uma exortação à confiança que suscita a súplica repetida como refrão pelo Salmo: “Senhor, olha do céu e vê! Vem visitar tua vinha!”
Deus pai e mãe, cuidador e amante apaixonado da vinha: continua suscitando homens e mulheres conscientes da própria fragilidade e da força do teu amor, e envia-os para cuidar do teu povo. Que eles/as não desanimem quando forem tratados/as como pedras inúteis na construção dos muros. Que eles/as sintam a companhia inspiradora de Teresinha, André, Ambrósio, Mateus, Francisco, Benedito e tantos/as outros/as. E que esta comunidade que nasceu do lado aberto do teu filho empenhe todos os seus meios e todos os agentes na missão de testemunhar a comunhão fraterna, de servir aos pobres com alegria, de dialogar com todas as culturas e religiões e de anunciar a boa notícia aos pobres. Assim seja!
Pe. Itacir Brassiani msf

“FAZE QUE EU VIVA E OBSERVE A TUA PALAVRA.”

Não se diz com todas as letras, mas o sentimento generalizado é que o outro é o nosso inferno. O ideal moderno parece ser viver, sofrer e vencer sozinho, sem ninguém por perto para encher o saco ou dividir o prêmio. A experiência do inferno parece não estar ligada à consciência de ter errado mas ao terror de ser corrigido/a. É proibido importar-se com a vida do outro, pois isso pode trazer incômodo. Assim, você decide e age com absoluta autonomia, e ninguém pode contestar sua decisão e sua ação. O inferno é sentido unicamente quando alguém ousa questionar seu comportamento, atitude ou ação. Não há lugar para a consciência do erro, nem para a culpa e a conversão. Mas não é isso que nos revela a Palavra de Deus, cujo mês abrimos hoje. Com o salmista, peçamos sinceramente: “Faze que eu viva e observe a tua Palavra!” (Sl 119/118,17). Não nos façamos de surdos/as e não tornemos duro nosso coração.
“Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, tu e ele a sós!”
Como pessoas humanas e como cristãos sabemos que somos ambíguos/as e que nossas comunidades não são uma sociedade de pessoas perfeitas. Na nossa genealogia comunitária temos pecadores convertidos como Pedro e Paulo. Temos ao nosso lado homens e mulheres cheios de boa vontade e de fé que tropeçam permanentemente nos próprios pés. E temos consciência das nossas próprias contradições pessoais, daquelas que são públicas e daquelas que escondemos a sete chaves.
Como cristãos não esquecemos daquilo que disse Jesus de Nazaré, nosso mestre e irmão primogênito: o Reino de Deus e a Igreja – seu gérmem e sinal – são como uma terra que recebeu boa semente mas que faz crescer misteriosamente ao lado dela o joio. É como uma rede lançada ao mar que arrasta para fora peixes bons e peixes maus. É como uma roça que tem trechos de terra dura e superficial, outros de terra pedregosa, outros infestados de espinhos e outros de terra boa.
 “Eu te coloquei como sentinela para casa de Israel.”
Mas isso não pode ser um incentivo à passividade e ao conformismo. Sabemo-nos permanentemente chamados à conversão. A cada dia a Palavra de Deus faz um “Raio X” da nossa vida. O próprio Deus nos encarrega da missão de despertar nos irmãos e irmãs a consciência dos erros e de mostrar-lhes os caminhos da reconciliação. E sem esquecer que não é possível apontar o cisco no olho dos outros quando somos incapazes de ver o lixo que infesta nossa vida.
O profeta Ezequiel experimentou isso de um modo radical. Ele se descobriu com a missão de ser como um vigia diante do seu povo. Sentiu-se chamado a denunciar o mal e abrir caminhos de conversão. Descobriu que, se calasse diante das injustiças cometidas no meio do seu povo, seria responsabilizado pelo mal que se abateria sobre os que a praticavam. Intuiu sua responsabilidade pela vida do seu povo. “É a você que eu pedirei contas pelo sangue dele...”
No evangelho, depois de ter dito que o caminho que leva ao seu reino é a acolhida aos pequenos e a atitude de criança; que é preciso evitar comportar-se como pedras no caminho dos pequenos; que Deus age como o pastor que, movido pelo amor pastoral, deixa em segundo lugar as 99 ovelhas que estão protegidas e sai à procura daquela que está em siatuação de risco, Jesus ordena à comunidade dos discípulos, célula-mãe da Igreja: “Se o teu irmão pecar, vá e mostre o erro dele...”
“Tudo o que ligardes na terra será ligado no céu...”
Estamos lembrados também do que Jesus dissera a Pedro, lá em Cesaréia de Filipe: “O que você ligar na terra será ligado no céu...” Sabemos que esse ministério é extensivo a todos aqueles/as que o reconhecem como Messias e seguem seus passos no anúncio, no testemunho e no serviço. Trata-se de continuar sua missão de recriar os laços, de aproximar as pessoas entre si e de Deus, de criar e fortalecer alianças, de renovar a face da terra na força do seu Espírito.
Creio que inguém de nós imagina que esta missão de ligar e desligar, de perdoar nossos irmãos e irmãs significa sair instalando confessionários em todos os cantos e, menos ainda, sentir-se dono das chaves e do poder de fechar ou abrir as portas mais ou menos arbitrariamente. Não significa também sair por aí com o dedo em riste, acusando publicamente os outros, especialmente quando não seguem a nossa cartilha ou não protegem nossas instituições.
A profecia, a correção fraterna e o perdão supõem um amor maduro e adulto ao próximo e ao povo, o empenho sério e responsável para recuperar a concórdia, a unidade e a vida plena para todos. O objetivo da correção não é punir daqueles que erram, nem construir a fama de quem denuncia ou defender de forma intransigente da doutrina que foi transgredida, mas a conversão e a reconciliação das pessoas e dos grupos sociais que experimentam tensões e divisões.
“Se ele te ouvir, terás ganho o teu irmão.”
O que Jesus nos propõe hoje não é um procedimento jurídico, mas uma pedagogia, um caminho. E o primeiro passo desse caminho é tomar a iniciativa de procurar discretamente aquele/a que nos atingiu ou prejudicou. Fazer isso com a atitude do pastor que vai ao encontro da ovelha que se perdeu e, quando a encontra, se alegra mais com ela que com as 99 que não cometeram nenhum erro (cf. Mt 16,12-14). “Se ele lhe der ouvidos, você terá ganho seu irmão.”
Quando essa iniciativa não for bem sucedida ainda não há razão para desistir ou denunciar publicamente. Jesus propõe um segundo passo: voltar ao errante com uma ou duas pessoas que ajudarão a convencê-lo do erro e servirão de testemunhas. Se a pessoa que agiu errado não aceitar esse segundo passo da correção fraterna, o terceiro passo é comunicar à comunidade eclesial, pois ela recebeu a responsabilidade ligar e desligar (cf. Mt 16,13-20).
Se a ruptura se mantiver, há um último passo: “Se nem mesmo à Igreja ele der ouvidos, seja tratado como se fosse um pagão ou um cobrador de impostos.” O que significa isso? Certamente não quer dizer lavar as mãos e, muito menos ainda, discriminar ou condenar! Para os/as discípulos/as de Jesus Cristo, pagãos e pecadores são terreno de missão, pessoas a serem convencidas por um trabalho missionário respeitoso, criativo e perseverante.
“Quem ama o próximo cumpre plenamente a lei.”
Tanto a conversão como o perdão supõem um dinamismo ou uma base de sustentação. E esse dinamismo se chama oração. A conversão – a nossa e a dos outros – deve ser cultivada no coração e buscada na oração. Acima de qualquer poder de ligar e desligar, ou de qualquer vontade de punir aqueles/as que erram está o desejo concórdia, o amor fraterno. Nada está acima disso: nem a doutrina da Igreja e seus interesses. “Quem ama o próximo cumpriu plenamente a lei”, diz São Paulo.
Algumas mudanças exigem muito, mas não são impossíveis. Por isso, Jesus conclui sua proposta pedagógica de correção fraterna sublinhando a importância da convergência de interesses e projetos na oração. “Se dois de vocês na terra estiverem de acordo sobre qualquer coisa que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está no céu.” Daí a necessidade de percorrer todos os passos indicados. Uma comunidade baseada na concórdia descobre sua força de reconciliação.
O amor e a concórdia não dispensam o senso de justiça, pois o amor pessoal aos indivíduos não pode contrariar o respeito à dignidade da maioria. É por respeito aos muitos que são prejudicados/as ou violentados/as pelos pecados de uns poucos que precisamos trabalhar pela conversão e levantar profeticamente a voz. O perdão vai sempre de mãos dadas com o reconhecimento dos erros e com o propósito de mudança. Precisamos ser sempre e ao mesmo tempo irmãos e vigias.
“Quem dera que hoje ouvísseis a Sua voz...”
Deus pai e mãe, tu inclinas o ouvido para ouvir nossos clamores e falas para orientar nossos passos.
Somos todos/as membros do teu povo, ovelhas do teu rebanho. Tua Palavra é luz que dá cor e sabor às nossas buscas e lâmpada no nosso caminhar. Por ela tu nos confias o dinamismo da reconciliação e nos ensinas que o amor e a veneração à nossa ‘pátria amada’ não podem ser colocados acima da sede de justiça e da concórdia que ultrapassam as fronteiras nacionais e políticas. Abre nossos ouvidos a esta Palavra de vida e faz da tua Igreja uma comunidade completamente empenhada na reconciliação dos homens e mulheres divididos por tantos muros. Assim seja!
Pe. Itacir Brassiani msf

Chamados à Vida Consagrada Salesiana.


O salesiano em formação inicial é chamado a cultivar, intensa e positivamente, a experiência fundante de Deus. É na experiência do encontro pessoal com Deus que o salesiano encontra sua identidade religiosa. O Senhor nos chama a trabalhar na messe, sem medos e preocupações, pois a messe é grande e os operários são poucos. Para seguir Jesus Cristo radicalmente, há alguma exigência (renúncias) que Deus nos propõe, e também a Congregação Salesiana, para assim nos tornarmos, de fato, religiosos diferentes no mundo contemporâneo, em que vivemos; de fato, sermos pessoas diferentes, com o nosso estilo de vida e amor à vida consagrada e comunitária.
            Jesus fez um chamado radical a todos os seus discípulos, que o seguiam; especialmente àquele discípulo que quer sepultar seu pai, para depois seguir Jesus; só que Nosso Senhor respondeu: “SIGA-ME” (Cf. Mt 8,21). Para o salesiano em formação, o Senhor faz este mesmo convite radical. Esta escolha deve ser uma escolha profunda de Deus; assim, para o noviciado, nós, candidatos, devemos assumir o projeto que Deus nos deu, de sermos DOM BOSCO nos tempos atuais, à luz da vida consagrada salesiana; Deus nos chama a algo profundo e verdadeiro. Temos de ser livres e despojados de muitas coisas, para assumirmos esta liberdade do Senhor da vida, que nos chama para o reino consagrado.
Quanto mais livres, mais libertados somos;  por isto, nosso SIM é pessoal e único. O noviciado é considerado o tempo da formação mais importante, pois nos possibilita conhecer, amar e aprofundar nossa opção, a experiência de Deus e da vida na Congregação.
Ceilândia, 25 de julho de 2011, DF, festa de São Tiago, Apóstolo.
Sebastião Cesário da Cruz Júnior, pré-noviço.


Amadeo Cencini na Paulinas


“Cristo Crucificado por mim, eu Passionista por Ele.”


            Maria Madalena Frescobaldi Capponi nasceu em Florença, em 11 de novembro de 1771, cuja capital da Província era Toscana. A vida de Madalena Frescobaldi transcorreu num período atormentado da história.
Maria Madalena Frescobaldi Capponi, movida pelo Espírito de Deus, atraída por um profundo amor a Cristo Crucificado, ícone misericordioso do Pai e pelas juventudes marcadas pelas injustiças sociais de sua época, os pequenos, os pecadores e os ignorantes, encorajada por Pio VII, fundou em Florença Itália, aos 17 de março de 1815 uma casa que ela nomeava retiro para as mulheres que do pecado desejavam voltar a uma vida humana - cristã renovada e dedicar-se ao serviço exclusivo de Deus. Era uma mulher extremamente apaixonada por Deus e pela vida das pessoas; tinha um profundo amor a Cristo Crucificado, vendo que Jesus teve uma causa pela qual doou sua vida, ela também procura uma causa para doar a sua vida. Tem como Carisma, expresso com voto especial, “viver, testemunhar e promover a memória da Paixão de Jesus e das Dores de Maria. (Const. 2).
Inseridas na missão de Cristo, as Irmãs Passionistas testemunham o poder da Cruz na força do Espírito, empenhando-se a serviço da missão educativo-evangelizadora da Congregação na Igreja, para levar as mulheres exploradas, os ignorantes, os pobres, os pecadores ao coração de Jesus Crucificado”. A espiritualidade específica da Família Passionista é a conformidade a Cristo Crucificado, ou seja, “eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim” (cf. Gl 2,20). “Na Paixão de Jesus Cristo está tudo”; “esse é o caminho mais breve para se chegar à perfeição”; “no mar da Paixão de Cristo se recolhem as pérolas das virtudes”; “a meditação da Paixão de Jesus Cristo constitui o verdadeiro tesouro de que nos fala o Evangelho (Mt 13-14)”; “na meditação da Paixão de Cristo está à escola das virtudes, o alento nos trabalhos, a consolação nas aflições, o incentivo para todo o heroísmo, o bálsamo para todas as virtudes, o alimento da sólida devoção, o forno do divino amor”.
Maria Madalena Frescobaldi, a exemplo de Cristo foi testemunha e sinal vivo de Cristo na sua época, apóstola corajosa, aberta às perspectivas missionárias que animaram a todos e a todas que dela se aproximavam. Ela foi ao encontro das necessidades da Igreja para servir os pobres, guiando-os a Cristo. No rosto de cada pessoa, especialmente transparente pelas suas lágrimas e pelas suas dores, ela descobriu o rosto de Cristo transfigurado pela dor, pelo sofrimento. Ela semeou com mãos cheias sobre o caminho, obras de caridade e de amor, enxugou as lágrimas de quem chorava, sentiu o grito angustiado de tantos irmãos e irmãs que sofriam e ansiavam por Cristo.  Foi ao encontro de cada um como a boa samaritana.
Peço a intercessão de Maria Madalena, que seguindo o caminho de Jesus nas suas pegadas eu possa responder a esta não fácil, mas sublime vocação, permanecendo fiel e ancorada no essencial da vida religiosa que é o fiel Seguimento de Cristo, pobre, casto e obediente, que eu possa estar em contínua intimidade com o Pai, para realizar conforme a sua vontade em minha vida, a missão pela qual Ele está me chamando.  Passionistas – PAIXÃO PELA VIDA     

Andréia – Pré-Noviça Passionista

“BENDITA ÉS TU ENTRE AS MULHERES E BENDITO É O FRUTO DO TEU VENTRE!”



A Assunção de Nossa Senhora é uma festa litúrgica mariana que, para as comunidades do Brasil, está ligada à semana dedicada à vocação à vida religiosa. Mas aquilo que cremos sobre Maria não se limita aos religiosos e religiosas: de alguma forma se refere a todos os homens e mulheres, à comunidade eclesial, ao povo de Deus. A glorificação de Nossa Senhora, sua realização plena em Deus, é uma vocação e uma promessa extensivas a toda a humanidade. Como Maria, todos nascemos para a glória e para o brilho e descobrimos que, olhando-nos nos olhos, Deus nos chama sorrindo pelo nome. Nela a pessoa humana em sua integridade – em corpo e alma! – é assumida e realizada em Deus. E esta é também uma proclamação clara e inequívoca da dignidade do corpo. “Bendita és tu entre as mulheres!” (Lc  1,42).
“Feliz aquela que acreditou!”
No Magnificat Maria aparece como uma pessoa humilde e humilhada. Lucas a apresenta como uma mulher que sabe ouvir a Palavra viva de Deus e que está pronta a dar o melhor de si para que essa Palavra se realize na história. Isabel acrescenta que Maria é alguém que ousou acreditar na força da Palavra e na fidelidade daquele que a pronuncia. Obviamente, não se trata de uma palavra escrita na Bíblia, mas de uma mensagem eloquente, escrita nos acontecimentos.
A humildade, a escuta e a fé estão intrinsecamente relacionadas e são as marcas fundamentais da personalidade de Maria. Se Deus pôde realizar grandes coisas nela e através dela é porque encontrou a base humana indispensável já preparada. Não fazemos bem quando idealizamos Maria a ponto de desumanizá-la completamente, tirando-a da história. Para fazer-se humano o Filho de Deus precisou de uma pessoa fundamentalmente humana, e não de criaturas angélicas!
Humildade, atitude de escuta e fé na ação misericordiosa e libertadora de Deus são os elementos que possibilitam uma vida feliz. É importante lembrar que o segredo da felicidade que todos buscamos não está na posse ou no consumo de bens, nem na fama ou no sucesso que alcançamos ou ainda no poder de atração que exercemos sobre os outros, mas na abertura humilde e profunda aos outros, ao futuro e a Deus. “Feliz aquela que acreditou...”
“Derrubou os poderosos dos seus tronos e exaltou os humildes”
O Evangelho diz que, depois da experiência de ser amada e de receber a tarefa de dar à luz aquele que é a Luz do mundo, Maria vai apressadamente à casa de Isabel. Busca um sinal que confirme a parceria de Deus com os humildes e sua aliança com os pobres. Ela havia dado sua palavra Àquele que é capaz de fazer grandes coisas em favor do povo humilhado, mas nem tudo estava claro. A discípula se faz serva, a serva se mostra peregrina e a peregrina experimenta a hospitalidade na casa de Isabel.
Na casa de Isabel, enquanto Zacarias permanece mudo e à margem de tudo, duas mulheres louvam a Deus e profetizam. A discípula, serva e peregrina se transforma em profetiza destemida. Contemplando sua própria história e a epopéia do seu povo, Maria percebe e proclama a intervenção libertadora de Deus: ele dispersa os soberbos, derruba os poderosos, eleva os humildes e oprimidos, socorre seu povo e estende sua misericórdia a todas as gerações.
É importante não esquecer que Maria, esta mulher assunta ao céu, não é apenas uma humilde trabalhadora do lar, uma pessoa discreta que acredita em Deus, uma doce e recatada esposa de um carpinteiro. Deus assume em corpo e alma e eleva à glória do céu uma mulher que rompe com os costumes que menosprezam a mulher e a mantêm calada, que diz uma palavra profética na arena pública, que proclama uma revolucionária intervenção de Deus sobre a história.
“E bendito é o fruto do teu ventre!”
No encontro entre Maria e Isabel o corpo festeja e é festejado. É bendito o corpo feminino de Maria, assim como bendito é o corpo que ela carrega no ventre. Bendito é o corpo de Isabel, capaz de perceber a incontida alegria daquele que preparará a estrada para a chegada do Messias, e bendito é o corpo dos mártires de todos os tempos. Bendito é também o corpo dos humilhados e dispensados pelos sistemas fechados, mas desde sempre destinados por Deus ao brilho.
A festa da Assunção de Maria sublinha de forma contundente a dignidade do corpo, de todos os corpos. Mas é uma proclamação da dignidade especialmente dos corpos humilhados por uma cultura que os transforma em meios de produção, em objetos vendidos e comprados, em produtos expostos nas vitrines e passarelas, sem brilho e sem beleza. É também o reconhecimento da beleza e da nobreza dos corpos doentes e envelhecidos pelo tempo, assim como do corpo eclesial dos muitos e diferentes membros.
“Um grande sinal apareceu no céu...”
Mas é importante lembrar que Maria, sendo discípula e membro da Igreja, é também sinal e símbolo do povo de Deus, da imensa caravana dos homens e mulheres de boa vontade, sonhadores/as de um outro mundo. Sua assunção é um sinal e uma parábola da ressurreição que todos esperamos. O livro do Apocalipse sublinha este aspecto de sinal ou símbolo. Como ela, a humanidade está em trabalho de parto e, mesmo ameaçada por todos os lados, vai dando à luz um Homem Novo e construindo um Mundo Novo.
Não esqueçamos também um outro aspecto relevante: Maria simboliza uma Igreja com traços femininos. A Igreja é chamada a construir-se como corpo que acolhe, aquece, alimenta, ensina, respeita e favorece o crescimento e o amadurecimento dos filhos e filhas. Uma Igreja institucionalmente rígida, fechada, autoritária, legalista e doutrinária não tem pouca relação com a figura feminina de Maria. Seria uma Igreja fechada, que não crê, uma Igreja infeliz. Uma Igreja com nome feminino e corpo masculino...
 “O menino pulou de alegria no meu ventre...”
A festa da Assunção de Maria recorda e proclama que a Igreja, esse povo de Deus sem fronteiras definidas, formado por todos os homens e mulheres de boa vontade, é assumido por Deus como seu corpo e meio de ação na história. A Igreja precisa se compreender como povo de Deus em marcha, que não pode construir aparatos pesados porque não tem aqui sua morada definitiva. E precisa superar todas os sinais de exclusivismo, esta tentação de traçar fronteiras entre cristãos e não-cristãos.
É verdade que não há oposição irreconciliável entre o Espírito e as estruturas. Deus assume as estruturas e leis limitadas da história e das instituições para pôr em movimento sua obra libertadora. Mas cabe à Igreja avaliar constantemente seus instrumentos e estruturas, subordinando-os à ação e aos interesses de Deus e não aos seus próprios interesses e medos. Fora disso seu corpo se enrijece, envelhece, perde vitalidade. E se torna incapaz de promover salvação e liberdade.
Inspirada em Maria, a Igreja precisa criar espaços e condições favoráveis ao desenvolvimento de homens e mulheres maduros, livres, despojados, solidários e comprometidos com a salvação do mundo. Um corpo que se impõe pelo medo e pela lei está condenado à esterilidade e nunca terá a graça de sentir os filhos e filhas saltarem de alegria no seu ventre. É um corpo que não conhece a felicidade, um túmulo de homens e mulheres que não chegam a nascer verdadeiramente.
“A mulher fugiu para o deserto...”
Com a celebração deste terceiro domingo do mês vocacional iniciamos a semana que propõe a reflexão sobre o chamado à vida religiosa e somos convidados/as a refletir sobre o lugar e o significado da vida consagrada na Igreja e na sociedade. Como a de Maria, esta vocação não é externa e nem superior à Igreja: ela nasce no seu coração e está a serviço da sua missão. Como carisma específico do corpo eclesial, a vida religiosa está a seu serviço. Nasce de um chamado gratuito para servir gratuitamente.
Na sua origem da vocação à vida consagrada está a experiência mariana de um Deus que olha nos olhos e, sorrindo, chama pelo nome. Ou uma experiência como aquela de Isabel: o corpo estremece de alegria por receber inesperadamente a vivita de Deus na própria casa. Não se trata primariamente de um caminho de purificação moral ou de desprezo do mundo, mas de plenitude de uma graça que não cobra méritos: dar de graça aquilo que de graça recebeu. Rosa de Lima (+24.08.1617) ilustra isso de um modo magnífico!
Maria, profetiza corajosa, mãe amorosa e discípula fiel do teu Filho: intercede junto a ele para ele que as pessoas consagradas sejam ouvintes da Palavra, cresçam no serviço aos pobres e amadureçam na profecia. Que elas sejam fiéis ao chamado sea proclamar com a vida e com a palavra que nada pode ser colocado acima do amor pessoal a Jesus Cristo e aos pobres nos quais ele vive. E que elas e suas comunidades atuem preferencialmente nos desertos, nas periferias e nas fronteiras. Assim seja!
Pe. Itacir Brassiani msf

 









 



CONVOCAÇÃO PARA A ASSEMBLEIA

Queridos (as) Irmãos (as),
           
            Ressoa em nosso coração o chamado do Senhor, aquele que Ele mesmo fez a cada um de nós no peregrinar de nossa vida. E ao longo dos dias foi ficando mais clara a sua voz, que nos impulsionou a tomar atitudes cada vez mais comprometidas com o anúncio do Reino.

A Vida Consagrada hoje é convidada a desinstalar-se de suas seguranças para ter como única segurança: Cristo. Não tenhamos medo de seguir seus passos, mesmo que a realidade apresente faces obscuras, desânimos, crises, falta de vocações. Estamos em tempo oportuno para silenciar o coração e deixar que Deus faça a sua obra em nós.

            Estamos nos aproximando da XXXVII Assembleia Regional, momento especial da graça de Deus para o nosso regional, momento de escuta ao Senhor que nos fala por meio da entrega generosa de tantos consagrados(as) que aqui vivem e se doam. Momento de avaliar a caminhada, sonhar a novidade de Deus, perceber os sinais dos tempos para que a Vida Consagrada, de fato, testemunhe e amor de Deus e outros possam dizer: “vede como se amam”.

            A XXXVII Assembleia Regional Brasília será realizada nos dias 24 e 25/09/2011 na Casa de Retiro Assunção. Teremos como assessor Pe. Alfonso Carlos Palacio, da CRB Nacional que nos ajudará a refletir sobre a Leveza e agilidade Institucional, bem como sobre os desafios da Vida Consagrada nos dias de hoje.

            As inscrições para a Assembleia poderão ser feitas na Regional ou se preferir envie pelo e-mail: crbbsb@brturbo.com.br.



Aguardamos com alegria sua presença.
                                                 

                                                                           Ir. Teresinha Santin,mscs

Terceiro dia do Curso de Extensão


No Sábado, as atividades começaram com o café da manhã às 7:30.
Em seguida cada grupo se reuniu com os seus assessores. Professor Wilian com os Formadores, Irmã Lúcia Silva e o Frei Marco foram os assessores dos junioristas, Vanildes e Neimar assessores dos noviços e Pe. Carlos com os postulantes. Eles nos ajudaram a refletir sobre o seguimento a Jesus aprofundando nossos conhecimentos sobre alguns personagens bíblicos, como Abraão, Moisés e Jonas e  sobre que aspectos do segmento deles nos animam e/ou nos chamam à uma “conversão”. Dinâmicas, partilhas e trocas de experiência enriqueceram nosso dia que foi encerrado com uma divertidíssima noite cultural, na qual cada grupo preparou uma apresentação. Pra manter o pique contamos com o “reforço” da pipoca, do cachorro-quente, sucos, refrigerantes e sorvete. Foi sem dúvida um dia rico para cada um de nós.
 
Ir.Ana Karla, Juniorista Paulina   



“Corramos com perseverança, com os olhos fixos em Jesus.” (Heb 12,1-2)


Com alegria e esperança iniciamos nossa segunda etapa do curso de extensão módulo - II que tem como tema central: ESPIRITUALIDADE E MISSÃO À LUZ DA PALAVRA DE DEUS.
Para nos sentirmos bem e acolhidos (as) iniciamos o nosso primeiro dia de encontro com o canto de acolhida, acolhendo cada membro e congregação presente, em seguida invocamos a presença do Espírito Santo em nosso meio, pedindo as luzes necessárias e a abertura do coração para acolher em nosso ser a Palavra de Deus.
Para desenvolver o tema central contamos com a presença do nosso assessor  Pe.Thomas – Verbita, que nos alegrou com sua presença divertida e simples, mas que trouxe na sua bagagem, para partilhar conosco, uma grande riqueza, profundidade e experiência da Palavra de Deus
Ele nos chamou atenção para despertamos a paixão pela pessoa de Jesus através de uma intimidade e vivência da sua Palavra: Paixão no Seguimento, paixão pelo Reino.
Fizemos reflexões sobre a missão de Jesus e a nossa missão, dentro de alguns textos bíblicos, onde percebemos a ação libertadora de Jesus. Falou-nos que não é possível ser discípulo sem ser missionário, assim como não existe missão sem Jesus e nem Jesus sem missão. Todo o fundamento da nossa espiritualidade e missão é o conhecimento de Jesus, senti-Lo como uma presença transformadora e humanizadora.
Somos pessoas frágeis, por isso Deus com sua grandeza age em nossa fragilidade em nossa pequenez para manifestar o seu amor e a sua misericórdia para conosco. Deus não trabalha com aço, mas com fragilidade: “… este tesouro  nós o carregamos em vasos de argila, para que esse poder incomparável seja de Deus e não nosso.” (cf. 2Cor. 4,7).
Dentro da reflexão bíblica ele destacou quatro pontos importantes da vida e missão de Jesus:
·         BATISMO= identidade e espiritualidade/na missão;
·         TENTAÇÃO= discernimento;
·         SINAGOGA= programa de missão;
·         ATITUDE= ação.

Ele nos falou da importância do testemunho que devemos ser para o mundo, porque se a nossa vivência é espelho do mundo lá fora, sem o nosso testemunho, não tem sentido a nossa existência como pessoas que abraçaram a causa do Reino como Consagrados (as).
Dentro da sociedade e da realidade em que vivemos com o avanço da tecnologia, com o mundo do consumismo onde o ter, o poder e o prazer muitos vezes prevalecem, ele nos fez o seguinte questionamento para discutirmos em grupo:

·         Como se manifesta hoje na VRC as tentações do: TER, PODER E DO PRAZER?

Foi um momento muito importante de reflexão e de partilha, onde cada grupo conseguiu destacar como estas tentações, na maioria das vezes, nos atrapalham na nossa vida de comunidade e na missão e que estão muito presentes na nossa VRC. Para nós  é um grande desafio a ser enfrentado e superado, para que assim possamos ter uma vivência mais humanizada e humanizadora  dentro das nossas comunidades e na nossa missão.
Continuaremos caminhando com os olhos fixos em Jesus, pois o seu olhar é de hospitalidade incondicional que nos ama e nos acolhe com tudo que somos e que temos, mas, que nos convida a cada dia a uma mudança de vida, buscando a libertação de tudo aquilo que nos atrapalha e que muito vezes nos impedem de ver o rosto de Jesus no outro (a); liberdade para a missão que nos foi confiada.
“A nossa utopia deve ser: ouvir a vontade de Deus e pô-la em prática.”
Andréia Maria Ferreira Fonseca – Pré-Noviça Passionista

“CUIDEM DO REBANHO DE DEUS COM GENEROSIDADE...”

A vida é uma travessia e viver é caminhar. As travessias constumam ser perigosas e assustam. Há quem prefira evitá-las sempre, pois pensam que o risco do mar revolto não compensa. São pessoas que fecham os ouvidos a todo todo e qualquer chamado; padres que desempenham sua missão pastoral como uma atividade qualquer ou até como uma carreira; pais que se recusam a avançar na tarefa de repensar a forma de realizar essa exigente missão; fiéis que preferem as velhas e potentes imagens de Deus ao desafio de descobri-lo na brisa leve da luta pela justiça. Iniciando o mês vocacional e celebrando a vocação presbiteral, coloquemo-nos à escuta do Senhor e acolhamos a palavra que o velho e experimentado Pedro dirige aos presbíteros: “Cuidem do rebanho de Deus que lhes foi confiado, não por imposição, mas por livre e espontânea vontade, como Deus o quer, não por causa de lucro sujo, mas com generosidade; não como donos, mas como modelos para o rebanho” (1Pe 5,2-3),
“Sai e permanece sobre o monte, diante do Senhor.”
Os discípulos imaginavam um Deus indiferente às necessidades dos famintos ou suficientemente poderoso para resolver sozinho todas as dificuldades do povo. É a imagem de Deus que predomina nas diversas religiões. Mas Jesus revela-se um Deus compassivo com os pobres, um Deus que tem necessidade da nossa colaboração – nem que seja apenas cinco pães e dois peixes! – na sua ação libertadora. Ele nos convida a superar o medo e confiar na sua presença em todas as travessias.
Deus continua se manifestando aos que nele esperam. Ele não exclui nenhum lugar, mesmo os mais imporváveis. Deus se faz ativamente presente nos desertos que atravessamos hoje: na travessia noturna dos mares ameaçadores de um mundo que globaliza a exploração e ergue muros contra os migrantes; nas cavernas onde nos escondemos para fugir da profecia; na brisa suave da ternura das mãos que se estendem e dos corpos que se encontram.
A revelação de Deus pode ser percebida mais claramente nos movimentos de passagem: do Egito para a terra prometida; do centro para a periferia; da auto-suficiência para a entre-ajuda; do eu para o nós; da aparente segurança das cavernas para o descampado estimulante da montanha; do poder para o serviço; do peso das estruturas eclesiásticas para a leveza e a criatividade do Espírito. Parece que Deus não gosta de se estabelecer. Agrada-lhe mais o movimento que os templos.
“E gritaram de medo...”
As imagens de um Deus poderoso e ameaçador ainda não se apagaram da nossa memória. Ensinaram-nos que Deus se revela no poder destruidor dos terremotos, no fogo devorador das ideologias totalitárias, no mistério aterrador dos furacões, nos pesados decretos que comendam, na dura punição aos que erram. Deus seria onipotente, onisciente e onipresente, e quanto mais poder ou saber alguém possui, mais se pareceria com ele...
Diante de um Deus com estas características, caímos por terra ou gritamos de medo. E do ventre do medo não costuma nascer o amor que se faz dom mas a agressividade da autodefesa ou da dominação. Um Deus com tais traços é um fantasma, uma fantasia que se abriga nas pessoas que não superaram o desejo infantil de onipotência. E este fantasma, via de regra, está a serviço das diversas formas de dominação e de infantilização religiosa, econômica e política.
Como deixa claro o episódio de Pedro, o qual não escondeu seu desejo de participar da presumida onipotência de Deus e de caminhar sobre o mar, este desejo vem sempre ameaçado pelo medo. E é exatamente o medo dos ventos contrários e das diferenças que gera a dúvida e nos leva a afundar, tanto em termos humanos como espirituais. Isso soa como uma advertência aos padres, sempre tentados pelo sentimento de superioridade e pela vontade de vagar por cima da condição humana.
“Ouviu-se o murmúrio de uma leve brisa...”
Elias debateu-se contra a visão de um Deus que se revela no poder e na ameaça. Ele teve que sair desta espécie de gruta fechada e se expor à suavidade da brisa para experimentar o verdadeiro rosto de Deus: um Deus que se manifesta como nuvem que ilumina os caminhantes na noite e os protege do sol durante o dia; que ouve o grito dos oprimidos se compadece dos famintos e humilhados; que se mostra mais como amor que como poder, mais como humilde sábio que como doutor.
O medo não nasce da verdadeira experiência de Deus, mas de uma imagem parcial ou confusa de Deus. É isso que vemos na história dos discípulos que deveriam atravessar o mar. A força do vento e das ondas que fustiga a barca como a tirania dos poderosos, somada à idéia de um Deus que caminha sereno e indiferente sobre as ondas, arranca-lhes gritos de pavor. E a dúvida sobre a divindade de um Jesus frágil e compassivo leva Pedro a afundar apavorado.
A experiência de Deus gera paz porque sua glória é sua infinita compaixão. Nele a Verdade se encontra com a Misericórdia e a Paz abraça e beija a Justiça. A Justiça faz a vez de caravana de batedores que o precede, e a Libertação ocupa o lugar do séquito que lhe presta homenagem. Deus não se manifesta no vento que ameaça; sua presença é sensível na calmaria. Ele é como um padre/pastor, cuja autoridade reside na mão estendida para orientar, proteger, sustentar e ajudar.
“Misericórdia e Verdade se encontram...”
Desde o inicio do seu ministério, o Papa Bento XVI vem enquandrando suas reflexões e propostas pastorais no conceito de Verdade. Numa das meditações sobre a vocação presbiteral, inspirado no capítulo 17 do evangelho segundo João, ele fala do padre como homem consagrado na Verdade e a serviço da Verdade. É uma bela perspectiva, mas comporta o risco de identificar muito facilmente a doutrina da Igreja com a Verdade eterna e a pregação do padre com a doutrina da Igreja.
Mas Bento XVI propõe prudentemente: “A nossa vida torna-se autêntica, verdadeira e também eterna, se conhecermos Aquele que é a fonte de todo o ser e de toda a vida. Assim a palavra de Jesus torna-se para nós convite: tornemo-nos amigos de Jesus, procuremos conhecê-Lo cada vez mais! Vivamos em diálogo com Ele! Aprendamos d’Ele a vida reta, tornemo-nos suas testemunhas! Tornar-nos-emos assim pessoas que amam e agiremos de modo justo. Então viveremos verdadeiramente.”
Além disso, na linha do Salmo 84/85, lembremos que, na perspectiva da ação de Deus que os padres são chamados e mediar, “misericórdia e verdade se encontram, justiça e paz se abraçam”. Aqui não há lugar para um sacerdócio que coloca a fria justiça à frente d a paz condescendente ou dá prioridade à firme verdade doutrinal em detrimento de um relacionamento essencialmente misericordioso. Na vida do padre-pastor, misercórdia e verdade, paz e justiça devem andar de mãos dadas.
“Homem de pouca fé, por que duvidastes?”
Jesus insistiu muito na relação profunda entre a imagem de Deus e a figura do pastor. Podemos até dizer que a missão essencial de Jesus consistiu em revelar os traços de um Deus que age como um pai e como um pastor bom e generoso. Inversamente, podemos dizer que aos padres e pastores cabe a grave tarefa de ser uma espécie de sacramento de Deus para a comunidade de fé da qual ele mesmo é membro, de tornar visível e palpável a compaixão de Deus na terra.
Paulo lamenta que seus irmãos de raça e sangue tenham se apegado às leis, à religião, às instituições e às promessas como se fossem um privilégio que os colocam acima dos demais seres humanos e fora das peripécias e exigências da história. A filiação é um dom que carregamos como tesouro em um vaso de barro. Nem todos aqueles/as que ostentam o título de cristãos o são de fato. E, infelizmente, nem todos aqueles que se fazem chamar de padres e pastores o são realmente e em profundidade...
Deus, pai e mãe, presença amorosa e encorajadora em todas as humanas travessias: te pedimos hoje por estes homens que chamas para perto de ti, formas segundo o teu coração e colocas como pastores em meio ao teu rebanho. Tu conheces a generosidade e a ambiguidade, a coragem e o medo de cada um de nós. A tentação continua nos levando a te procurar no fogo, no terremoto, na ventania. Vem ao nosso encontro como calmaria! Socorre nossa pouca fé e cura as dúvidas do nosso coração e os desvios do nosso afeto. Ensina-nos a cuidar do rebanho que é teu, colocando-nos no meio dele e guiando-o como modelos de vida, e não como patrões e senhores. Assim seja!
Pe. Itacir Brassiani msf

Chegou a Hora!!! II Módulo do curso de extensão da CRB Regional de Brasília

         Iniciamos ontem (04 de Agosto), o segundo Módulo do curso de extensão da CRB regional de Brasília, com o tema: – Espiritualidade e Missão à luz da palavra de Deus.
Chegamos com a “bagagem cheia” com nossas esperanças, expectativas e entusiasmos.
Foi um momento propicio para “matar” a saudades daqueles que conhecíamos, bem como conhecer os novos que se integravam a nós. Mas era unânime, entre os veteranos e os calouros, o desejo de estar juntos e viver as maravilhas da Vida Religiosa.
Iniciamos com um belo jantar, tudo preparado com muito carinho para nos receber. Logo após o jantar, nos reunimos na sala de reuniões e fizemos, auxiliados pela nossa querida Ir. Lucia, uma dinâmica de entrosamento dando assim a abertura oficial do nosso encontro.
Orientados pela Ir. Terezinha, Presidente da CRB regional, realizamos um trabalho de grupo, afim de, tomarmos “pé” do “chão a qual pisamos”. Cada congregação presente pode mostrar em breves palavras sua missão e trabalho junto ao povo de Deus.
Encerramos nossos trabalhos do dia assistindo um filme, O limite, que nos deixou com bons e profundos questionamentos sobre nossa postura perante uma sociedade que às vezes massacra.
Assim, fomos ao nosso merecido descanso, mas na expectativa de saber o que nos esperava no dia seguinte. Por isso queridos irmãos e irmãs, acompanhe conosco, através de nosso blog, as noticias e fotos que postaremos para assim estarmos mais unidos na oração e na partilha.

João Carlos Ribeiro – Noviço Barnabita