Últimas Notícias da CRB Regional Brasília

       Aconteceu em nossa Regional o encontro do grupo de Vida Religiosa Inserida da CRB de Brasília.
       Seminário de partilha de saberes e aprofundamento do tema sobre economia solidária.    
      Nesse encontro a Cáritas Brasileira, através do senhor Vitélio, assessorou o encontro.

















No dia 18 de Abril, aconteceu foi o encontro dos formadores e equipe de apoio CRB em preparação ao curso de extensão.



E ainda, teve a visita da diretoria da CRB nacional à sede da CRB Regional.


Continuemos sempre em sintonia com nossa Regional, e através de nossas orações, estejamos sempre unidos.
Fonte: CRB Regional de Brasília



Feliz Páscoa

Meus irmãos e irmãs, é Páscoa...
Nosso Cristo Ressurgiu... o sepulcro está vazio.
Com isso, somos convidados com toda a Igreja refletir o verdadeiro significado da Páscoa.
Páscoa... É ser capaz de mudar,
É partilhar a vida na
esperança,
É lutar para vencer toda sorte de sofrimento.
É ajudar mais gente a ser gente,
É viver em constante libertação,
É crer na vida que vence a morte.
É dizer sim ao
amor e à vida,
É investir na fraternidade,
É lutar por um mundo melhor,
É vivenciar a solidariedade.
É renascimento, é recomeço,
É uma nova chance para melhorarmos
as coisas que não gostamos em nós,
Para sermos mais felizes por conhecermos
a nós mesmos mais um pouquinho.
É vermos que hoje...
somos melhores do que fomos ontem.
Que a ressurreição de Nosso Senhor, nos motive cada vez mais viver o sentido de nossa entrega na vida religiosa.
Uma Feliz e santa Páscoa, cheia de paz, amor e muita saúde!

Por: João Carlos Ribeiro – Noviço Barnabita


Ajudemos a transformar as dores de agonia em dores de parto!


(Is 50,4-7; Sl 21/22; Sl 21/22; Mt 21,1-11; Mt 27,11-54)


Depois de 40 dias de preparação, eis que se abrem as portas de uma semana que vale uma vida. Com ramos e flores, faixas e bandeiras, cânticos e orações, reunimo-nos nas ruas e templos para aclamar nosso líder manso e humilde. “Bendito aquele que vem em nome do Senhor!” Só alguém infinitamente grande é capaz de fazer-se tão pequeno e próximo. Na celebração que abre a Semana-Santa somos convidados/as acompanhar Jesus no seu caminho de transformar as dores de agonia que fazem gemer a terra e a humanidade em dores de parto de um outro mundo. Percorramos este caminho de mãos dadas com as vitimas dos terremotos no Japão e no México, mas também com as famílias das 12 crianças barbaramente assassinadas no Rio de Janeiro há 10 dias.
“Assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens...”
Ouvindo o relato da entrada de Jesus em Jerusalém somos convidados a abandonar nossas fantasias de poder e de sucesso. Nesta entrada não há nada de triunfal. Jesus vem da Galiléia e entra na capital do seu país politicamente dominado montado numa jumenta. Nada de cortejos de honra, de generais e cavalos vistosos, de discursos de acolhida na cidade. Jesus chega a Jerusalém como sempre foi: um servidor, um simples homem da Galiléia.
Depois de uma longa caminhada desde a Galiléia, Jesus chega à capital do seu país, caminhando à frente de um numeroso desconcertado grupo de discípulos e discípulas. O povo da capital não o conhece e tem medo, mas o pessoal do campo o aclama com entusiasmo como o Messias esperado. “Bendito o Rei que vem em nome do Senhor!” Eram pessoas que, como o velho Simeão, sabiam reconhecer naquele homem que tinha ouvidos e palavras para os últimos o Enviado de Deus. E isso contrasta com a fria acolhida do povo de Jerusalém e com o discreto medo dos próprios discípulos.
O grupo que acompanha Jesus na entrada nada triunfal em Jerusalém aclama o despontar do Reino messiânico inspirado em Davi e a chegada do líder enviado por Deus. Mas Jesus não realiza as ações de poder que muitos esperavam. Ele é o servo paciente e o ouvinte atento da Palavra do qual fala Isaías, e dessa escuta brota uma palavra que desperta os adormecidos e encoraja os acorrentados pelo medo. A ação que representa o ponto de mutação da historia não será outro que o dom incondicional de si mesmo na cruz.
“Tu és o rei dos judeus?!”
Mais uma vez: diante do caminho seguido por Jesus Cristo, não é mais possível alimentar os mitos de sucesso fácil e irresponsável que costumamos projetar nele. Sua entrada em Jerusalém montado num jumento é uma espécie de teatro de rua ou uma sátira aos libertadores militares, conhecidos no passado, temidos no presente ou sonhados para o futuro. Dizendo que o Senhor precisa do jumento, o Evangelho lembra que Jesus precisa de cada um de nós para cumprir sua missão de tirar o pecado d mundo e de transformar as dores de agonia em dores de parto.
Ademais, o entusiasmo suscitado naquele pequeno grupo de gente que vinha do interior não se sustentará por muito tempo. Os gritos de ‘hosana’ – Deus salva agora! – logo serão substituídos pelo insolente pedido ‘crucifica-o’, fruto da frustração do povo e da manipulação interesseira das autoridades políticas e religiosas. Os discípulos se unem às multidões e o saúdam como o Messias esperado, mas Jesus faz questão de demonstrar seu messianismo pobre e manso, montando muito a gosto num jumento. Não há nenhum sinal que possa intimidar ou assegurar submissão do povo.
“Levantai-vos e orai, para não cairdes em tentação.”
A divisão entre os próprios discípulos e a possibilidade concreta de traição não fazem Jesus mudar seu rumo. É verdade que ele se sente abatido e chega a se perguntar sobre o que fazer. No momento crucial, depois da festa de acolhida e da ceia de despedida, enfrenta um discernimento difícil. Pede aos discípulos que fiquem com ele e vigiem. “Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice...” Esta experiência crucial fica como um alerta aos discípulos/as que continuam sonhando hoje com sucesso e facilidades, indiferentes aos sofrimentos do próximo e às dores do Planeta.
Para Jesus, a oração no Getsêmani foi um momento de confronto profundo com a vontade do Pai, com a missão escrita em caracteres exigentes. E continua a ser, para os/as discípulos/as de todos os tempos, um espaço para discernir os caminhos que levam à vida em abundância. Muitas vezes temos a impressão de que é mais cômodo deixar a oração de lado e seguir o róseo caminho do menor esforço, do “cada um para si e Deus para todos”. “Vigiem e rezem para não caírem em tentação,” adverte Jesus. E hoje esta tentação é de conciliar a fé em Deus com destruição do planeta.
O seguimento de Jesus tem seu preço. A fé cristã está longe de ser um tranqüilizante para as consciências pesadas. Pilatos escolhe cinicamente o caminho mais fácil, que é lavar as mãos, fazer a vontade da maioria interesseira e assim receber o apoio popular que faltava ao seu poder despótico. É o fácil caminho da indiferença diante da dor dos outros, da rápida incriminação dos lutadores, da alegre bajulação dos poderosos, da arrogante pretensão de ser o único dono do mundo.
“Ele era mesmo Filho de Deus!”
Aquele que o cortejo do povo simples havia saudado na entrada da cidade como quem vinha e agia em nome de Deus permaneceu fiel e acabou preso, abandonado pelos próprios discípulos, condenado e pregado na cruz. Como sabemos, a cruz era vista como um lugar absolutamente vazio da presença Deus, como a negação mais absoluta da realeza ou de qualquer forma de liderança, como sinônimo de horror, culpa, impotência e abandono. Tanto para os judeus como para os romanos, a crucifixão representava a completa negação do ser humano, o redundante fracasso da pretensão de liderança, a absoluta ausência de Deus, a mais radical falta de sentido.
“Salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!”, provocavam aqueles que pensam que a divindade se mostra no poder, no cuidar de si mesmo, no salvar a própria pele. O próprio Jesus parece mergulhar num escuro turbilhão e protesta contra o abandono até por parte de Deus. “Desde o meio-dia até as três horas da tarde houve escuridão sobre toda a terra.” Mas acaba vislumbrando a suprema consolação na radicalização do dom de si mesmo: “E eis que a cortina do santuário rasgou-se de alto abaixo, a terra tremeu e as pedras se partiram...” Há um novo começo pedindo licença.
É da boca de um soldado pagão vem a palavra que faz brilhar uma pequena luz na escuridão que fazia em plena tarde. “Ele era mesmo Filho de Deus!” O que viu aquele soldado que os outros não viram? Viu o mesmo que Simeão reconhecera 30 anos antes: que Deus se revela na pequenez e na fidelidade daqueles que morrem defendendo a vida. Naquele homem esvaziado, anulado e descartado, mas, ao mesmo tempo, absolutamente fiel no seu amor pelos últimos e senhor de si mesmo, o soldado viu a exaltação da humanidade e o brilho da glória de Deus, diante da qual todo corpo se inclina e todo poder despótico treme.
“Anunciarei o vosso nome aos meus irmãos...”
Com ramos nas mãos, aclamemos com alegria inocente e esperança convincente o mestre e profeta Jesus de Nazaré. Acompanhemos de perto seus passos, acolhamos seus gestos, escutemos suas palavras. Superemos a tentação de segui-lo de longe e de evitar maiores riscos, como fizeram Pedro e os outros. Não esqueçamos que tantos discípulos e discípulas pelos séculos a fora permaneceram com ele, comungaram seu destino e se tornaram semente. Entre estes está a Ir. Adelaide Molinari FDC, cujo martírio recordamos na quarta-feira (+14.04.1985). Mas como esquecer os agricultores sem-terra assassinados em Eldorado do Carajás há 15 anos (17.04.1996)?
Deus Pai-Mãe, fonte e servidor da vida. Aqui estamos diante do teu Filho e nosso Irmão, com ramos e flores nas mãos. Queremos aprender com ele a sagrada lição da Ceia e da Paixão. Queremos experimentar o perdão que tu nos ofereces sem cessar. Mas queremos, sobretudo, dar nossa humilde e decidida contribuição para que as dores e gemidos de agonia que brotam do nosso Planeta explorado e ferido de morte, assim como a dor devastadora das famílias que viram a vida dos seus filhos adolescentes ser ceifada violentamente na manhã do último dia 7 de abril, se transformem em dores e alegrias do nascimento de um planeta respeitado e de uma humanidade pacificada e reconciliada. Assim seja!
Pe. Itacir Brassiani msf


VIII JORNADA VOCACIONAL

Tema: Em um só espírito, discípulos a serviço das vocações
Lema:Enviai, Senhor, Operários e Operárias a Vossa Messe.” (Mt. 9,38)
Data: 15 de maio de 2011
Local: Centro Educacional Católica de Brasília
            QS 07 Lote 01 EPCT Águas Claras DF



Aproxima a VIII Jornada Vocacional e como nos anos anteriores, somos convidados e convidadas a participar de forma efetiva neste grande evento vocacional da Arquidiocese de Brasília.
A Jornada vocacional é uma atividade desenvolvida pela Arquidiocese de Brasília e que conta com o apoio da CRB Regional Brasília, especificamente através do Grupo de Reflexão  e Animação Vocacional e Missionária,GRAVEM. É uma significativa atividade no espaço da vida eclesial, convidamos todas aqueles pessoas da VRC a participar desse evento.
Além da participação de todo evento, teremos uma participação especial na constituição da Praça Vocacional e Módulo Religioso. O Plantão Vocacional será realizado nos próprios oratórios (stands).
Abaixo as especificações das atividades e objetivos da parte assumida pelos religiosos e religiosas / CRB.
- Praça Vocacional: Espaço para exposição do carisma e missão das congregações. É organizado em forma de oratório e este ano terá também a função de atendimento/plantão vocacional.
- Módulo Religioso: Espaço reservado para palestras com temas definidos e palestrantes indicados pela CRB.
Lembramos a importância do cumprimento dos prazos e horários para o bom êxito da nossa participação e do evento.
             Lembramos ainda, que é necessario preecheraficha para inscrição e participação nas atividades desenvolvidas pelo GRAVEM-CRB. Favor preencher e enviar para CRB confirmando a participação até o dia 03/05.


Com estima,

Ir. Terezinha Santin,mscs
CRB Regional Brasília





QUEM CRÊ VIVE PLENAMENTE E CUIDA DA BIODIVERSIDADE.

Hoje somos convidados/as a avançar na descoberta do mistério de Deus e do Ser Humano que se escondem e revelam em Jesus de Nazaré. Fazemos com uma serena e responsável consciência das nossas fragilidades, possibilidades e esperanças. Sabemos que a vida é como a flor do campo, tão bela quanto vulnerável. Desejamos ardentemente e escolhemos resolutamente a Vida para nós mesmos/as e para todas as criaturas, mas sabemos das ameaças às quais ela é submetida. Dietrich Bonhoefer, teólogo, pastor e mistico protestante, não quis se fingir de cego diante da violência mortal do nazismo e, em nome de sua fé, engajou-se no combate contra esta doença cultural e política. Seu jovem corpo, pendurado na forca em Flossenburg (+ 09.04.1945), continua denunciando as cegueiras do mundo e testemunhando a clarividência à qual todos/as somos chamados/as.
“Senhor, já cheira mal...”
Não é mais nova a notícia de que nosso planeta corre riscos. “O caminho tende à catástrofe planetária e podemos ir ao encontro do destino dos dinossauros” (CF 2011, n° 94). Vem de longe a denúncia de que o homem se tornou lobo do homem. E ressoa há muito tempo o grito que pede um basta ao violento processo de exclusão que se abate sobre a imensa maioria da humanidade. Este mundo de Deus se tornou um vale de lágrimas, adquiriu contornos de sepultura coletiva e está cheirando mal.
As metáforas são fortes, mas não exageradas. Não podemos cair no pessimismo doentio daqueles que vêm em tudo as marcas do pecado, mas não há como ser ingênuo e se deixar seduzir pelo canto das sereias do neoliberalismo predatório. E a fuga numa piedade intimista, com suas crises e vazios de sentido, tem conotações de cegueira, indiferença e medo. E o que dizer da adesão ao fantasioso mundo da moralidade e de uma mal dita transcendência, onde o único problema é o pecado e a culpa?
“Vou tirar vocês de seus túmulos...”
Este é o irrenunciável ponto de partida, mas não o aspecto essencial da nossa fé. O coração dinâmico do cristianismo é a promessa – que em Jesus de Nazaré se torna prova e antecipação – de que Deus faz novas todas as coisas, de que ele muda deserto em jardim, rocha em fonte, caixão em berço, morte em vida, ruínas em cidade habitada, exilados em cidadãos. O movimento que nasce do Evangelho é promotor da vida, e cumpre esta missão abrindo horizontes e não chamando ao passado.
Aos judeus que há décadas provavam o amargo sabor do exílio na Babilônia, haviam perdido toda esperança e comparavam sua condição à de um monte de ossos secos, Deus manda dizer: “Vou tirar vocês desta sepultura, dar-lhes meu espírito e levá-los de volta à própria terra...” É neste caminho de saída e retorno à autonomia como povo que eles ficarão sabendo de fato quem é Deus. E Jesus afirma que a adesão à sua pessoa e ao seu projeto abre uma nova era para a humanidade oprimida.
“Se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido...”
A sensação de fracasso e frustração, conhecida de todos nós, se faz refrão acusatório na voz de Marta e de Maria. A impressão é de que Jesus tenha feito pouco caso quando lhe avisaram: “Aquele que amas está doente”. Muitas vezes temos esta mesma sensação diante de doenças incuráveis, de acidentes trágicos, de mortes estúpidas, de catástrofes naturais. Na revolta gerada no ventre dor, alguns/as chegam a acusar Deus de ausente, desinteressado, cínico e sem coração.
Mas sabemos que “Jesus amava Marta, a irmã dela e Lázaro”, assim como ele ama apaixonadamente cada uma das grandes ou pequenas criaturas do seu e nosso pai. Este é seu mundo e aqui é sua morada. Nós somos sua família, seus irmãos e irmãs, seus amigos e amigas, mesmo que ele não se deixe prender aos nossos desejos e interesses – nem sempre suficientemente abertos – nem se submeta às urgências do nosso calendário. Em Jesus nos descobrimos uma grande família, que inclui todas as criaturas.
“Se creres, verás a glória de Deus...”
Cedo ou tarde, Jesus chega para nos ajudar a mudar as coisas. Em Betância, ele encontra suas amigas em pranto, tristes tanto pela perda do irmão como pela ausência injustificável de Jesus. Mas Jesus nono é nem pse comove não é prepotente nem indiferente: ele participa da humana dor das amigas, como faz também hoje diante de todos aqueles/as que choram, impotentes e inconsoláveis. “E Jesus começou a chorar...” É mediante a compaixão e a transformação que ele nos faz experimentar seu amor. “Vejam como ele o amava...”
Eis aqui a porta que abre a possibilidade de mudança: o amor e a compaixão, tão divinos e tão humanos. Não se trata de apostar ou acreditar no poder de Deus, mas na força do seu amor. Da parte de Jesus de Nazaré, o amor que se compadece; da nossa parte, a confiança que abre horizontes e possibilidades. Da fé e da abertura ao amor brotam novas possibilidades de Vida e ressurreição. A fé é esta abertura radical para transcender o óbvio, o esperado, o devido.
“Se você acreditar, verá a glória de Deus”. O que Jesus diz com esta afirmação? Pensamos geralmente que ele quer dizer que a fé nos ajuda a provar o poder de Deus agindo em nosso favor. Mas o que Marta e Maria presenciam é algo diferente: é a profunda e humana identificação de Jesus com suas dores. Esta é a glória de Deus: seu amor pela humanidade. A glória de Deus é o ser humano vivo, dizia Santo Irineu. A glória de Deus brilha na beleza, na diversidade e na comunidade das suas criaturas.
“Lázaro, vem para fora!”
Jesus convida Maria a ultrapassar a dor que tende a obscurecer o olhar da fé. E Lázaro, no escuro da morte e no fundo da sepultura, também é interpelado: “Vem para fora!” O grito de Jesus, pronunciado no contexto de sua oração, nos chama à vida, a um olhar e um novo agir. É apelo a sair dos nossos interesses e projetos, geralmente nascidos no ventre do medo e da indiferença. É um convite a sair da prisão dos sistemas de poder e de morte e empreender um caminho, a fazer a passagem-páscoa.
Mas nesta saída e em todo caminho nossos passos serão sempre necessariamente inseguros. Pertencemos à história e temos muitas amarras. Mas escutamos, de formas diversas, uma ordem: “Desamarrem e deixem que ele ande...” A fé em Jesus Cristo não é doutrina que fecha, peso que oprime, laço que amarra. Oxalá toda a Igreja aprenda esta lição! Como diz Paulo, crer é deixar-se conduzir pelo Espírito de Deus, que ressuscitou Jesus e dá vida ao nosso corpo marcado de morte.
Este mesmo Espírito conduz toda a criação à sua própria plenitude, santificando tanto o gênero humano como a história e o universo como um todo. “O Espírito opera a obra da reconciliação no âmbito de toda a criação, agindo misteriosamente no interior de cada ser humano para que este, aos poucos, se configure a Cristo, o Primogênito da criação” (CF 2011, n° 170). Ele congrega as pessos isoladas de modo que sejam corpo de Cristo, e faz deste corpo a mediação de sua ação vivificadora no mundo.
“Muitos judeus viram o que Jesus fizera e creram nele.”
Marta e Maria acreditaram e por isso viram a glória de Deus manifestada na compaixão que resgata a vida. E muitos judeus que “viram o que Jesus fez, acreditaram nele”. Mas o que é que eles realmente viram? Contemplaram e testemunharam a profunda humanidade de Deus e este incrível dinamismo que o aproxima das suas criaturas machucadas e oprimidas, sem se importar se cheiram mal. Viram isso na relação de Jesus com Lázaro, com Maria e com Marta, e por isso acreditaram!
Crer é deixar os estreitos limites dos nossos medos e interesses e aderir a Jesus Cristo e à sua ação promotora de vida. É claro que os primeiros beneficiados somos nós mesmos, mas este é apenas uma das consequências do ato de crer. A fé nos leva a reconhecer que “cada vida é sagrada porque a criação é de Deus e a bondade de Deus a permeia completamente”, e a “assumir o compromisso de ser membro da comunidade vivente da criação, colaborando com o projeto divino para que se realize e consolide a sua vontade em todas as criaturas” (CF 2011, n° 153-154).
Voltemo-nos a Deus inspirados na oração que Bonhoefer elevou a Deus na prisão. Senhor, as trevas nos envolvem, mas em ti há luz. Sentimo-nos sozinhos, mas tu não nos abandonas. Sentimo-nos desfalecer, mas em ti encontramos socorro. Provamos a inquietação, mas em ti encontramos a paz. A amargura nos devora, mas em ti encontramos a paciência. Não compreendemos teus caminhos, mas tu sabes qual é a boa estrada para nós. Acolhe-nos como membros vivos do teu corpo e assim te ajudaremos a chamar para fora, a resgatar os homens e mulheres das sepulturas que os aprisionam. Assim seja!
Pe. Itacir Brassiani msf

Atenção equipes dos Inter's

A Equipe de Coordenação do INTER´S da CRB Regional reuniu-se hoje 04/04/11 para avaliar a 1ª etapa do Curso, e também traçar meta para a 2ª etapa. Obrigada a todas as participantes.
                                         
                                                
  Abraço fraterno,  

 
                                                                          p/ Equipe de Coordenação 
 

E atenção:


Dia 18-04- casa de retiro assunção
Das 09 às 12:30 – Reunião com os Formadores de todas as etapas ( Aspirinter, Postulinter, Novinter, responsáveis pelo Juninter). Assunto: Avaliação da primeira etapa do curso de extensão e programação da próxima etapa. Participação ao seminário Regional e Congresso Nacional.
A tarde das 14h às 16: 45, Pré seminário em preparação ao seminário Regional -  Coordenadores de Núcleos, Coordenadores dos Grupos de Reflexão, Formadores, psicologos e Diretoria.
Das 17h às 19h Reunião da Diretoria.
Obrigada,
Ir. Terezinha

Contemplar a vida como poeta e agir como profeta

           O caminho espiritual da quaresma e as imagens que nos convidam a saboreá-lo em sua profundidade são magníficos: jejum, deserto e tentações; nuvem, medo, transfiguração, escuta; sede, encontro, água, fonte; trevas, cura, luz.... Como crianças que se deixam educar na fé, vamos pouco a pouco redescobrindo Jesus como pão da vida, como filho amado, como água viva, como luz do mundo. Jesus Cristo se apresenta hoje como luz que faz resplandecer a verdade e a beleza de todas as coisas. Ele nos lembra nosso parentesco com o pó e com o barro da terra e, assim, abre nossos olhos para que acreditemos nele, olhemos o mundo na sua perspectiva e nos engajemos na sua obra de preservar e promover a biodiversidade e a vida plena das suas criaturas.
“Não tomeis parte na obra estéril das trevas...”
          Vivemos no século XXI, orgulhosos de nossa modernidade iluminada. O conhecimento emancipado expulsa o mistério para fora da arena do saber. Refletores potentes como a utilidade, a funcionalidade, a novidade, a neutralidade, a laicidade e a cientificidade parecem jogar luz sobre o mistério da vida e da morte. Pensamos ter deixado para trás a minoridade tutelada pela religião, resquício do obscurantismo medieval, e alcançado a maioridade iluminada, indiferente a tudo e livre de qualquer responsabilidade.
          Na confusa passagem da organização tribal a uma monarquia embrionária, Jessé se orienta pelos esquemas culturais e sociais que dão destaque à aparência física e à posição na hierarquia. Quando reúne os filhos para apresentá-los como candidatos ao trono de Isarel, nem se lembra do filho caçula, mais afeito aos pastos que às escaramuças das armas. Como sempre, na mesa de festa e nos cumes do poder, não há lugar para os últimos. Isso não são trevas?
          Um judeu nasce cego e pobre e deve mendigar para sobreviver. Ao mal fisico da cegueira se acrescenta a chaga social da pobreza. E o que dizer do mal espiritual de quem pensa que o mendigo cego e sua família são os únicos culpados por tudo isso? Parece que os próprios discípulos pensavam assim. E ai de quem ousa mudar esta condição natural e atuar contra os costumes e leis naturais que cimentam esta ordem social! “Este homem não pode vir de Deus... Nós sabemos que este homem é um pecador...”
 “Não te impressiones com a sua aparência, com a sua grande estatura...”
          Não precisamos fazer um grande esforço ou escrever muitas linhas para lembrar que em pleno mundo das luzes existem grandes contingentes humanos que vivem no escuro sub-mundo e têm negado o acesso à mesa dos bens por eles mesmos produzidos. E não faltam aqueles/as que, voltando as costas, fazem de conta que não estão vendo nada, ou, com o dedo em riste, os acusam como únicos responsáveis pelas próprias desgraças.
          Que o sábio Samuel venha em nossa ajuda. Ele nos ensina que é preciso superar este velho e terrível modo de ver o mundo, esta visão que mede as coisas e pessoas segundo a força física, as aparências ou o lugar que ocupam na hierarquia. Diante dos filhos de Jessé, hierarquicamente ordenados para receber a unção do poder, Samuel ouve a voz que vinha das profundezas da sua humana condição: “Não se impressione com a aparência deles... O ser humano olha as aparências, mas Deus olha o coração...”
          Despertado por esta voz que expressa um dos mais belos arquétipos da humanidade, Samuel abre os olhos e se recusa a participar daquilo que Paulo chama de “ação estéril das trevas”. Ele se dá conta de que havia um lugar vazio na mesa preparada para a festa. “Falta o menor... Não nos sentaremos à mesa enquanto ele não chegar...” O olhar de Deus é outro e seus caminhos são alternativos. E o seu Espírito repousa e age sobre o insignificante Davi, o menor, o esquecido e excluído.
“Eu vim a este mundo para provocar um julgamento...”
          Este olhar outro e alternativo, diverso e inverso próprio de Deus e daqueles/as que nele acreditam se mostra de forma mais clara ainda em Jesus de Nazaré. Para ele, nem o cego mendigo nem sua pobre família são culpados de qualquer coisa. Jesus não explica as causas de sua cegueira, mas chama todos a tomar uma posição. “Temos que realizar as obras daquele que me enviou...” Estamos diante de uma pessoa necessitada que pede uma ação solidária, e não diante de alguém que precisa ser julgado.
          Sendo quem é e agindo como age, Jesus se mostra luz que ajuda a discernir e compreender a realidade assim como ela é, boa ou má. “Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo...” Trata-se de ver a ausência dos últimos e chamá-los a ocupar os primeiros lugares, de recuperar a visão daqueles/as que não conseguem ver e de devolver-lhes a cidadania. E este discernimento não se resume a um ato puramente intelectual, mas tem seu arremate numa ação que recria a realidade.
          Samuel agiu descartando os orgulhosos e destacando o humilhado. Jesus cura o cego, justifica sua família e afirma a culpa da elite religiosa. Ele age recorrendo aos recursos da terra e devolve a visão, a maioridade e dingidade àquele homem dependente. Agindo desse modo, Jesus questiona a ordem estabelecida e aqueles/as que a sustentam. As ideologias iluministas e as elites iluminadas se comprazem em culpar as vítimas e inocentar os algozes, mas Jesus desmascara estas mentiras cínicas.
“Porventura também nós somos cegos?”
          É preciso ver o mundo com os olhos dos poetas e agir com a coragem dos profetas. Exercitar um olhar capaz de transcender as aparências e agir de modo a derrubar os muros construídos pela exclusão e mantidos pelo medo ou pela indiferença. Vencer o medo acomodador que nos leva a duvidar que existem pessoas e grupos excluídos. “Não acreditaram que ele tinha sido cego...” Exercitar este discernimento é uma missão urgente e permanente, extensiva a todo discípulo e discípula de Jesus Cristo.
          É possível que as pessoas que pensam saber tudo e exaustivamente se revelem cegas e incapazes de ver as coisas em sua profundidade, nas suas verdadeiras dimensões. É evidente que esta cegueira não se restringe a alguns sistemas filosóficos que se apresentam como iluministas. Toda ideologia, instituição ou sistema fechado em si mesmo, com pretensões de totalidade, sejam eles partidos, nações, instituições, Igrejas ou academias tem vocação totalitária e, portanto, cai na tentação das práticas de exclusão.
          Esta é a advertência que nos faz a CNBB: a cultura e as ideologias de dominação muitas vezes pervadem as ciências e os meios de comunicação, os quais apresentam meras hipóteses como se fossem dados consolidados, idolatrizam o conhecimento técnico e fazem promessas fantasiosas. “Por trás desta venda de ilusões não se esconderiam até segundas intenções de caráter mais político-ideologico, no sentido de distrair as atenções do povo das verdadeiras causas do seu sofrimentos imediatos...?” (CF 2011, n° 113).
“Procedei como filhos da luz...”
          Paulo pede que nos comportemos como filhos da luz, e isso significa: ser bom com todos, lutar pela justiça, reestabelecer a verdade. Mas o ponto de partida é a auto-crítica: “Será que também somos cegos?” Trata-se de despertar da tranquilidade do nosso sono, como pede Paulo. E os passos seguintes levam a perseverar no caminho de Jesus de Nazaré, a pedir que ele abra nossos olhos, a assumir seu ponto de vista, a colaborar com sua ação libertadora. É isso que Martin Luther King procurou fazer, fiel ao Evangelho e soldário com seus irmãos negros, pagando esta ousadia com o martírio (+ 04.04.1968).
          Mas este é um caminho cercado de ameaças e incompreensões. Aquele homem cego e mendigo que recuperou a capacidade de ver e discutir com as auoridades encurraladas enfrentou sentenças ferozes: “Você nasceu inteirinho no pecado e quer nos ensinar?” E o próprio Jesus, por ousar retirar o véu dos olhos do ceho e levantar o manto da exclusão que o vitimava, não tardou a ser carimbado como pecador. Não é novidade que também os terapeutas sociais de hoje sejam demonizados e execrados pela mídia.
          Jesus, homem e profeta de Nazaré, tu nos ensinas que nunca termina de começar este caminho de abrir nossos olhos e ver as coisas na tua perspectiva. Abre nossos olhos, para que reconheçamos que tu és a Luz do mundo e vejamos a impotência e a dependência à qual são submetidos tantos irmãos e irmãs. Guia-nos a uma vida realmente sábia, caracterizada pela sabedoria que vê e acolhe a verdade, seja a de uma mulher da Samaria ou a de um mendigo anônimo. Ajuda-nos a encontrar no barro da terra a familiaridade que nos une a todas as tuas criaturas e restitui a vida tanto aos seres humanos como ao mundo animal, vegetal e mineral. E que os clamores sejam sempre de vitória e as dores sejam sempre de parto. Assim seja!
Pe. Itacir Brassiani msf